Tratamento com musicoterapia melhora a comunicação das crianças autistas
- Destaque
Leonardo Almeida- 0
- 6minutos lidos
Foto: Pexels – Alena Darmel
A terapia é oferecida na rede municipal de saúde em parte das Unidades Básica de Saúde (UBSs), em Centros de Referência de Práticas Integrativas e Complementares (CRPics) e em Centros de Atenção Psicossocial (Caps)
As crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA) apresentam dificuldades com a linguagem que podem interferir na comunicação e nos vínculos afetivos. A fim de amenizar os possíveis impactos e melhorar a qualidade de vida dessas pessoas, a rede municipal de saúde oferece aos pacientes autistas, tratamento com musicoterapia, ciência instituída na metade do século XX que promove por meio do fazer musical ou da experiência sonoro-musical em si, a abertura de novos canais de comunicação.
De acordo com a fonoaudióloga e musicoterapeuta Vanessa Lira Vieira, da Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Miriam, é realizada uma anamnese musicoterápica para identificar as melhores estratégias de tratamento. Isso porque existem autistas que são oralizados, aqueles que têm prejuízo do uso funcional da linguagem, e os não oralizados, que transmitem seus sentimentos de outras formas.
“Analisamos um paciente por meio de suas expressões, gestualidades e oralidades. Observamos quais são os sons que os pacientes conseguem emitir e as expressões que verbalizam. Os sons ou expressões que não conhecemos, tentamos identificar. Assim, escolhemos os elementos sonoros musicais para realizar a melhor conduta”, reforça a profissional.
“Para os autistas não oralizados, é realizado um trabalhado com elementos musicais que lembram a vida intrauterina, como, por exemplo, sons de chocalho (elemento água), afoxé, calimba, pau-d- chuva, sons de gotas d’água, entre outros. Todo o protocolo de tratamento é realizado de acordo com o momento sonoro musical que o paciente encontra-se”, afirma a fonoaudióloga.
Já para os autistas oralizados, a abordagem da musicoterapia tem outro mecanismo de ação. “Observamos nesses pacientes as palavras isoladas, descontextualizadas. Identificamos disfunção para criar vínculo terapêutico. Os profissionais se apropriam desses sons, imitam os pacientes para criar uma conexão, abrindo um de canal de comunicação. Esse tratamento possibilita que o paciente autista se torne mais ativo, mais atento e melhore sua forma de se expressar”, explica Vanessa.
Vínculo afetivo
Um dos pacientes acompanhados por ela na UBS Jardim Miriam é Giovani Annibali, 9 anos, autista não verbal. A mãe de Giovanni, Marcela Ferreira Croce, 42 anos, conta que a música acalma o seu filho, deixando-o mais concentrado. “Quando a sessão começa e a profissional toca o violão, ele pula de tanta felicidade e balança o corpo, enquanto admira o dedilhar das cordas do instrumento.”
Outro caso de paciente não verbal é o do filho de Juliana de Almeida Silva, 34, que fica em casa para cuidar do seu filho e dar a assistência adequada. Há um ano, Guilherme Silva realiza as sessões de musicoterapia na UBS Jardim Miriam. A terapia beneficia muito o caso de seu filho que não falava e, também, não imitava nenhum som. O diagnóstico foi tardio. Depois que passou pelas sessões com musicoterapia passou a tentar acompanhar a música, emitir algumas palavras, além de cantar. Ele também aprendeu a assobiar, tentou tocar um instrumento e copiar movimentos. “A musicoterapia acalma e faz meu filho ficar contente”, destaca Juliana.
Como o resultado de cada sessão é satisfatório, em casa a mãe oferece continuidade aos exercícios, recomendados pela fonoaudióloga e musicoterapeuta: “Cantamos juntos e inserimos música na brincadeira. Ele ama a música o ´Sapo não lava o pé´”, diz.
Música
A música é uma grande aliada como agente regulador de emoções, pois ativa várias estruturas cerebrais. A musicoterapia é uma prática no contexto clínico de tratamento, reabilitação ou prevenção de saúde e bem-estar.
O serviço é oferecido na rede municipal de saúde em parte das Unidades Básica de Saúde (UBSs), em Centros de Referência de Práticas Integrativas e Complementares (CRPics) e em Centros de Atenção Psicossocial (Caps).
Além de formação em musicoterapia, os profissionais que conduzem desse tratamento têm também outra formação de origem, como psicologia ou fonoaudiologia.
A musicoterapia tem históricos relevantes em saúde mental por proporcionar aos seus usuários em sofrimento mental, a possibilidade de expressarem conteúdos psíquicos por meio do fazer musical ou da experiência sonoro-musical em si, promovendo a abertura de novos canais de comunicação.
Repórter do Espaço do Povo, é cria do Jardim Ângela, formado em jornalismo e tem vivência em redação e assessoria de imprensa.
