Dados revelam que 2,3 milhões de crianças não frequentam creches no Brasil

 Dados revelam que 2,3 milhões de crianças não frequentam creches no Brasil

Antonio Cruz/Agência Brasil

Os estados com maior número de crianças sem vagas são: São Paulo (267 mil), Minas Gerais (217 mil), Pará (205 mil), Bahia (204 mil) e Maranhão (137 mil)

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram divulgados pela organização Todos pela Educação (TPE). No Brasil, 2,3 milhões de crianças menores de 3 anos não frequentam creches por falta de acesso. As famílias desejam matricular seus filhos, mas enfrentam obstáculos como a distância das creches, a falta de vagas e até mesmo a recusa por causa da idade da criança.

A realidade é ainda mais dura para as famílias mais pobres. O percentual das que não conseguem vagas é quatro vezes maior do que entre as famílias mais ricas. O descaso com a primeira infância impede que milhares de crianças tenham acesso a um desenvolvimento pleno.

A meta do Plano Nacional de Educação de atender 50% das crianças de até 3 anos em creches até 2024 está longe de ser cumprida. Atualmente, apenas 40% frequentam creches, enquanto 40% não o fazem por opção dos pais ou outros motivos.

Entre as crianças que não frequentam creches, 20% das famílias gostariam de matricular seus filhos, mas não conseguem. Os principais motivos são:

  • Recusa por causa da idade: Cerca de metade das famílias que não conseguem vaga enfrenta essa recusa. Algumas creches só aceitam crianças a partir dos 2 anos, privando-as de um desenvolvimento crucial nos primeiros anos de vida.
  • Falta de vagas: Um quarto das famílias relata a falta de vagas como principal obstáculo. A oferta insuficiente de creches limita as oportunidades de educação e cuidado para as crianças.
  • Distância e falta de acessibilidade: Outro quarto das famílias não consegue matricular seus filhos por causa da distância das creches ou da falta de acessibilidade. A localização inadequada das creches impede que muitas famílias utilizem o serviço.

A falta de acesso à educação infantil tem consequências graves:

  • Prejuízo no desenvolvimento: A educação nos primeiros anos de vida é crucial para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. A falta de acesso a creches priva-as de oportunidades essenciais para o seu futuro.
  • Desigualdade social: A dificuldade de acesso à educação infantil perpetua a desigualdade social. As famílias mais pobres são as mais impactadas, aprofundando a disparidade de oportunidades.
  • Sobrecarga nas famílias: As creches são um importante suporte para as famílias, principalmente para as mães que precisam trabalhar. A falta de vagas sobrecarrega as famílias, limitando suas oportunidades de trabalho e desenvolvimento pessoal.

Quatro estados concentram a maior demanda: Acre (48%), Roraima (38%), Pará (35%) e Piauí (33%). Já os estados com  maior número de crianças sem vagas são: São Paulo (267 mil), Minas Gerais (217 mil), Pará (205 mil), Bahia (204 mil) e Maranhão (137 mil).

É urgente que o Estado brasileiro priorize a primeira infância e garanta o acesso universal à educação infantil. Ampliar a oferta de vagas em creches, reduzir a burocracia e investir em infraestrutura são medidas essenciais para construir um futuro mais justo e promissor para as crianças brasileiras.

O presidente Lula (PT), implementou no ano passado o Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica,  Isso visa concluir mais de 3,5 mil obras de escolas paralisadas ou inacabadas em todo o país até 2026, com um investimento previsto de quase R$ 4 bilhões.

Já em março deste ano o governo anunciou a alocação de R$ 4,1 bilhões para a construção de 1.178 creches e escolas de educação infantil em todo o país. Os recursos são do Novo Programa de Aceleração do Crescimento.

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Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Repórter do Espaço do Povo e Correspondente local do Grajaú (SP) na Agência Mural de Jornalismo das Periferias.

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