“O futebol me deu um mundo que eu não tinha”

 “O futebol me deu um mundo que eu não tinha”

Crédito: Anderson Jorge /Agência Cria Brasil

Conheça a história do treinador de futebol que transforma a vida de crianças da favela de Paraisópolis

Como todo menino da favela, Emerson Barata (37), brincava de bola pelas vielas e ruas de asfalto precário. Seu parceiro e fã de pelada, era seu pai que foi goleiro e o motivou a atuar como jogador meia atacante profissionalmente e, a partir desse incentivo, Barata, como é chamado, pôde conhecer um novo mundo por meio do esporte. 

“O esporte sempre esteve presente na minha vida, já passei pelo judô, pelo boxe, mas foi no futebol que me encontrei. O futebol me deu um mundo que eu não tinha. Era apenas uma brincadeira de criança, mas quando me vi ganhando dinheiro, percebi que poderia juntar algo que eu gostava de fazer com a profissão”, conta Barata.

Por meio do futebol, Barata teve a sua primeira oportunidade de sair do país e conhecer o mundo. O garoto que levava o futebol como uma brincadeira foi jogar no Japão e na Europa. Ainda na adolescência, passou por alguns times de terceira e segunda divisão. Jogou pela Federação Brasileira Sub-16, pelo Bragantino, pelo América de São José do Rio Preto, pelo Fernandópolis, no União de Timbó (clube de futebol brasileiro de Santa Catarina) e pelo Clube Atlético Taboão da Serra (CATS).

Já como jogador profissional, Barata passava boa parte do tempo fora. Só retornou à Paraisópolis quando perdeu seu pai e, então, tomou a decisão de voltar de vez para a comunidade. Nesse período, ele passou a participar mais de projetos sociais e decidiu se dedicar a treinar as crianças de Paraisópolis.

A convite da União dos Moradores, em 2010, o esportista pôde coordenar projetos esportivos dentro da comunidade, atuando nas modalidades como futebol de salão, campo, judô, skate, rugby e esgrima. O contato constante com as crianças da favela foi a oportunidade de conectar sua vivência no campo com o trabalho social. Ele se uniu a outras  pessoas que tinham o mesmo propósito que ele, e passou a integrar o Bloco de Líderes de Empreendedores de Impacto Social das dez maiores favelas do Brasil (G10 Favelas).

A partir desse apoio, ela passou a atuar para transformar as projeções negativas que caem sobre as crianças pobres, e criar uma ação que pudesse trazer uma nova perspectiva de futuro. Foi assim que, há 3 anos, ele fundou o Instituto Esporte na Favela, iniciativa que atende pessoas de várias idades, não apenas com aulas de futebol, como também outras atividades esportivas.

“O Instituto Esporte na Favela nasceu da vontade de levar desde o esporte tradicional como é o futebol, até a esgrima que é uma modalidade majoritariamente da elite. Quando ouço dos pais das crianças que elas não estão mais ociosas na rua e que estão mais disciplinadas, essa é a melhor recompensa que poderíamos ter”, completa.

Ao longo dos dez anos que tem atuado pela comunidade, Barata vê em cada novo aluno formado por meio do seu trabalho, o resgate de uma criança que teria perdido a chance de mostrar todo seu potencial e, possivelmente, não seria reconhecido pelo seu talento no esporte. “É muito prazeroso trabalhar com crianças, porque você vê que está trabalhando com sonhos, você está trabalhando com famílias, vê o brilho no olho da criança”, finaliza Barata.

Veja também, a história da dona Rita moradora de Paraisópolis desde 1977, no perfil Memórias de Paraisópolis.

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