Após cinco décadas, IBGE passa usar termo favelas e comunidades urbanas

 Após cinco décadas, IBGE passa usar termo favelas e comunidades urbanas

Crédito: Data Favela

Favela é uma planta nativa brasileira, sendo muito comum em quase todas as regiões do Brasil, menos no Sul. A palavra remete a Guerra dos Canudos (1896-1897), grupos de soldados que lutaram na batalha para remediar a falta de moradia, construíram espécies de barracos, como era no Morro da Favela, local conhecido hoje de Morro da Providência, Rio de Janeiro.

O local havia à abundância da planta Cnidoscolus quercifolius, chamada popularmente de “favela” por produzir sementes em forma de favo. O nome inicial dado foi popularizado pelos seus próprios residentes e possivelmente mais tarde ganhando força em outras regiões brasileiras.

O significado de favela a partir da sua origem se mutou, personificou preconceitos e ditames. O próprio morador da favela por vezes não sabia ao certo como marchar, entre seus significados: “comunidades subnormais”, “aglomerados urbanos”, “aglomerados urbanos excepcionais”, que de definições pomposas e superficiais passou a ser adotado em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como: “favelas e comunidades urbanas”.

A alteração ocorreu devido a uma demanda histórica dos moradores das favelas, entidades políticas e porque não dizer acadêmica, os ditos movimentos populares. Ao passo que assim se reconhece um direcionamento específico sem sugerir um ponto de partida, mas um fato, basta saber que “quebradas”, “grotas”, “vilas”, “malocas”, que inclusive são palavras usadas por moradores também como gírias e não só como definições, passou a ser reconhecido pelo IBGE como “comunidades urbanas” para localidades que não se apropriam do nome “favela”.

Para o IBGE, as favelas e comunidades urbanas são regiões em que há domicílios diferenciados de insegurança jurídica, ausência em alguma medida de serviços para subsistência como: iluminação adequada e saneamento, no geral infraestrutura feita pela própria comunidade, que deixa caracterizada a própria ausência histórica do poder público. O novo formato de denominar a própria favela em um escopo geral possibilita assim segurança inclusive da posse de seu próprio pedaço por parte de seus moradores.

Há dúvida que fica é: será que se a favela em todos seus aspectos ainda pendentes fossem solucionadas pelo poder público, o IBGE continuaria chamando de favela? Eis a questão. No mais somos favela e essencialmente sempre seremos.

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Cria de Paraisópolis, bacharel em Lazer e Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Pesquisador com foco na periferia e sua dialética com o Lazer e Turismo. Teve contato com projetos de impacto social em Paraisópolis e em áreas da Zona Leste.

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