Bia Haddad: Uma conquista brilhante e um retrato da desigualdade no esporte brasileiro

 Bia Haddad: Uma conquista brilhante e um retrato da desigualdade no esporte brasileiro

Crédito: Istock

A história de Bia Haddad nos enche de orgulho e inspiração. A tenista brasileira fez história ao garantir seu lugar nas semifinais de Roland Garros, depois de uma vitória impressionante sobre a tunisiana Ons Jabeur nesta quarta-feira 07 de Junho. Essa conquista notável coloca Bia em um patamar elevado, pois ela poderá aparecer no top 10 do ranking da WTA na próxima semana.

Essa é uma conquista que merece ser celebrada, pois Bia se igualou a uma das lendas do tênis brasileiro, Maria Esther Bueno, sendo a última brasileira a chegar a essa fase de um Grand Slam em 1968. O caminho de Bia até aqui não foi fácil. Ela enfrentou diversas barreiras ao longo de sua carreira, superando obstáculos com persistência e dedicação. Sua jornada é inspiradora para todos aqueles que sonham em alcançar grandes feitos no esporte.

É indiscutível que o sucesso de Bia Haddad é motivo de comemoração para o tênis brasileiro. Porém, é importante refletir sobre o contexto mais amplo em que esse feito se insere. A trajetória de Bia é exceção, não regra, quando se trata do esporte no Brasil, especialmente nas periferias.

O tênis, assim como outros esportes como arco e flecha, canoagem, polo, hipismo, entre outros, é quase que exclusivamente acessível às elites. Nas periferias e em comunidades menos privilegiadas, a falta de incentivo e oportunidades para a prática esportiva é uma realidade desoladora. Poucos recursos são destinados a projetos sociais que buscam incentivar a participação e o desenvolvimento esportivo nessas áreas.

Essa desigualdade reflete-se nos números e na representatividade dos atletas brasileiros nestes esportes. A falta de acesso e investimento impede que talentos sejam descobertos e desenvolvidos, limitando as oportunidades de sucesso como a alcançada por Bia.

Projetos sociais tentam preencher essa lacuna, buscando criar espaços de inclusão e formação esportiva em comunidades menos favorecidas. No entanto, esses projetos muitas vezes enfrentam falta de apoio e recursos, relegando-os a uma posição marginalizada.

A trajetória brilhante de Bia Haddad no tênis é uma luz de esperança e motivação para todos que sonham com a igualdade de oportunidades no esporte brasileiro, mesmo com a trajetória familiar de esportistas, o que já demonstra o perfil dos tenistas que conseguem praticar competitivamente. Sua conquista claro, se deve ao talento e dedicação, mas também é um chamado para ação. Precisamos investir mais no esporte como um todo, criando oportunidades para que talentos floresçam em todas as camadas da sociedade.

Obviamente, governantes e a população têm prioridades diversas quando se trata de investimentos e políticas públicas. No entanto, é crucial reconhecer que a prática esportiva, o lazer e o bem-estar social também devem ser considerados como áreas prioritárias. Esses aspectos têm um impacto significativo em diversas esferas da sociedade, como saúde, trabalho, violência e educação. 

A promoção de atividades esportivas não apenas contribui para a melhoria da saúde física e mental dos indivíduos, mas também fomenta a inclusão social, reduzindo a desigualdade e promovendo o engajamento comunitário. Além disso, o esporte pode ser uma poderosa ferramenta na prevenção da violência e de “oportunidades” criminalizantes para os jovens, oferecendo alternativas saudáveis e oportunidades de desenvolvimento. 

O investimento em esporte e lazer também pode impulsionar o setor econômico, gerando empregos e fortalecendo a indústria esportiva. Portanto, é fundamental que essas questões sejam levadas em consideração na agenda política e que sejam destinados recursos e apoio para promover a prática esportiva, o lazer e o bem-estar social como pilares fundamentais para o progresso e a qualidade de vida da população.

A vitória de Bia é um marco importante, mas também um lembrete de que temos um longo caminho a percorrer para tornar o esporte uma realidade acessível e inclusiva em todo o país. Que sua trajetória inspire mudanças e desperte consciências para que, um dia, todos os brasileiros, independentemente de sua origem ou condição social, possam sonhar e alcançar grandes feitos no mundo esportivo.

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