Pleno século XXI e times femininos continuam desvalorizados no país do futebol

 Pleno século XXI e times femininos continuam desvalorizados no país do futebol

Crédito: Luis Maike

Salários e premiações dos campeonatos são bem abaixo do valor pago para os times masculinos, e nas favelas isso não é diferente 

Cerca de 30 milhões de homens e mulheres praticam o futebol no Brasil, segundo pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas. Mesmo sendo considerado o esporte mais praticado no país, a desigualdade de gênero ainda é muito presente, consequência de uma sociedade construída com práticas machistas e xenofóbicas não apenas no Brasil, mas em todo mundo.

Entre os anos de 1941 e 1979, uma lei brasileira proibiu que mulheres jogassem futebol. A justificativa dada na época, era que o esporte seria violento e masculino para mulheres. Por isso, a prática “legal” do esporte só passou a ser permitida para as mulheres há 43 anos. E essa situação reflete na desvalorização das atletas, profissionais e amadoras, que atuam nessa área. 

Mesmo com todos os desafios, as mulheres continuam fazendo história no futebol. A jogadora brasileira, Marta Vieira da Silva, foi eleita a melhor jogadora do mundo por seis vezes pela FIFA (Federação Internacional de Futebol) e bateu recordes entre homens e mulheres.

Campeonatos de várzea replicam a desigualdade

O futebol feminino também não é valorizado dentro das favelas no Brasil. Em outubro deste ano, a Seleção de Paraisópolis, time de futebol feminino da segunda maior favela de São Paulo, venceu a Taça das Favelas. Porém, mesmo ganhando títulos, a realidade do time fundado há quase 03 anos é difícil.

Para Mônica Melo da Silva, moradora de Paraisópolis, pedagoga e técnica da Seleção Paraisópolis, a diferença entre os times masculinos e femininos é muito grande em relação à remuneração e premiação de campeonatos

Desde criança Mônica convive  com o futebol, pois sua família há anos é responsável pelo  Palmeirinhas Paraisópolis, time masculino de várzea fundada há quase 50 anos  por um grupo de moradores da comunidade. Desde 2018, a pedagoga se dedica exclusivamente aos times de Paraisópolis e faz isso por vocação e por amor. 

“Sou feliz em poder ajudar meninas da minha comunidade a se aprimorar naquilo que elas amam e até tirar meninas em vulnerabilidade social da rua”,  diz Mônica. “As mulheres têm que realizar seus sonhos, tem que ser firme no seu propósito. Se quer jogar bola não tenha vergonha tem que ir atrás dos seus objetivos, porque eu por muitas vezes sofri preconceito por acharem que eu jamais conseguiria ser técnica por ser mulher. Mas eu não desisti e convido todas as mulheres da região para conhecer o Palmeirinhas Paraisópolis e descobrir esse grande amor”, completa. 

A Seleção de Paraisópolis conta com cerca de 40 jogadoras, todas moradoras da comunidade. Nenhuma delas vivem exclusivamente do futebol, mas todas têm o mesmo sonho: serem jogadoras profissionais.

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