Casos de violência obstétrica têm se tornado cada vez mais comuns

Como a importância de um bom atendimento médico na hora do parto pode evitar a violência obstétrica

Por Talytha Cardoso

Fragilidade e acolhimento, é assim que o período gestacional é vivido pela mulher. Desde a escolha das roupinhas da criança, arrumar o quarto do futuro mimo dos avós e parentes até os preparativos do chá de bebê. São muitos os preparativos para receber o novo membro da família. 

É algo novo para as mães de primeira viagem. A vida muda drasticamente e tudo é mudado literalmente. Mudanças de humor e hormonais passam a ficar mais evidentes nas mulheres grávidas. A magia da gestação mexe com a mulher de forma a se transformar numa outra pessoa. Tudo o que ela deseja nessa fase delicada, é saber que tem alguém que a compreenda e motive a viver uma gestação tranquila até a hora de dar à luz. 

Quem poderia imaginar uma mulher sendo maltratada neste período tão delicado da vida? Sim, infelizmente é a situação que muitas mulheres sofrem no momento do parto. Toda a sua fragilidade é desrespeitada com palavras de baixo galão, descaso com a sua dor e até piadinhas de mau gosto, passam para trazer à vida seu precioso bebê. 

Assim foi o que aconteceu com Shantal Verdelho, empresária e digital Influencer, que sofreu constrangimento e humilhação na hora do parto. Palavras chulas cheias de palavrões e exposição sobre seu órgão genital foram ouvidas por ela, proferidas pelo ginecologista, Renato Kalil, que atua a mais de 30 anos na área de obstetrícia. 

A influenciadora só se deu conta da violência sofrida um mês depois do procedimento que ocorreu em setembro do ano passado. A exposição da violência obstétrica sofrida, partiu de um vazamento via áudio de aplicativo de mensagens que ela havia enviado para as amigas, e depois pulverizadas nas redes sociais. A dor e a vergonha de ver sua intimidade exposta de forma escrachada, não será reparada, mesmo tendo sido aberto um processo contra o médico, que segundo a assessoria dele, “o parto foi profissional e tranquilo”. 

Entrevistamos a enfermeira obstetra Bruna Troeira, formada pela Universidade de São Paulo — USP, que participa ativamente de um grupo de enfermeiras nas redes sociais que visam fortalecer o acompanhamento materno- -infantil e ginecológico, para falar sobre esta situação que Shantal sofreu e que, infelizmente, é institucionalizada no curso de formação médica. 

Segundo Bruna, é cultural o pensamento que o corpo feminino é defeituoso e que precisa de correção, e este pensamento é implantado de forma natural no cotidiano, principalmente para quem atua na área da saúde. 

Para as mulheres que vivenciaram esta violência, há canais de denúncia. A mulher pode pedir uma cópia do prontuário médico, e entrar em contato com a ouvidoria do serviço médico onde sofreu a violência ou ligar nos canais de apoio à mulher como 180 (Canal de atendimento para mulheres que sofreram alguma violência) ligar no disque saúde 136, além de poder recorrer ao órgão de atuação do setor da saúde como, Conselho Regional de Medicina ou Conselho Regional de Enfermagem.

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