Pescador dedica a vida à preservação da Represa Billings em SP

 Pescador dedica a vida à preservação da Represa Billings em SP

João Alfredo catando recicláveis – Crédito: Isabela Alves

João Alfredo é um exemplo de dedicação à preservação ambiental, catando recicláveis e combatendo a poluição na Represa

No coração da Ilha do Bororé, bairro do distrito do Grajaú, na zona sul de São Paulo, mora João Alfredo da Silva, 62, um pescador e catador de recicláveis que dedica sua vida a limpar a Represa Billings.

Durante o período de pesca, João acorda todos os dias às 5 da manhã quando parte para a represa para colocar suas redes de pesca, após o almoço, sai para recolher recicláveis, como sacolas plásticas, garrafas, latas de alumínio e embalagens, “eu saio três horas, e fico catando recicláveis até escurecer”.

Ele conta que começou a recolher recicláveis há mais de 16 anos por causa da sujeira que via na represa, “eu não podia ver uma garrafa na represa que eu já ia catar”, diz ele.

A Represa Billings é um dos maiores e mais importantes reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo, João compartilha sua preocupação sobre a poluição das águas. Ele reconhece que todos são culpados, mas a falta de responsabilidade é uma barreira. “Tem cara que fala ‘vai lá pegar’, mas ninguém diz assim ‘eu peguei um monte em tal canto’”. Sua esperança é que, se todos agissem de forma consciente, a represa seria mais limpa.

“Minha sina foi para isso e eu tenho que continuar até o fim. Todo o ano eu tiro dois, três caminhões [de recicláveis] daqui. Isso aí eu te garanto.”

Ele enfatiza que não depende da reciclagem para sobreviver, trabalha há mais de trinta anos como pescador, apesar de não saber nadar. “Não aprendi [a nadar] e é até bom. Talvez se eu tivesse aprendido a nadar, eu corresse risco nessa represa, porque a gente fica muito afoito, não é verdade? Há 30 e poucos anos nunca tive problemas nessa represa. Nunca.”

Às margens da Represa Billings, uma cena desoladora se desenha, com móveis descartados e destroços de veículos abandonados. A restauração da represa é uma árdua jornada, constantemente prejudicada pela persistente negligência no descarte inadequado de resíduos e pela ausência de tratamento adequado de esgotos, sejam eles domésticos ou industriais, provenientes das cidades vizinhas. Como relembra João, ‘já peguei sucatas de 150kg no Rodoanel, coloquei dentro do barco e vim embora’.

Iniciativas como a de João desempenham um papel crucial na redução do consumo de matéria-prima, do descarte inadequado de lixo e da poluição do ar, da água e do solo, além da diminuição da poluição. Mesmo sem reconhecimento, ele dedica sua vida à limpeza e preservação da Represa Billings.

Ele finaliza, expressando a esperança de que mais pessoas compartilhem sua consciência ambiental, dizendo: ‘Se o pessoal fosse mais consciente do que acontece… Essa represa não estaria assim’.”

Este conteúdo faz parte da campanha Planeta Território, uma iniciativa do Território da Notícia com apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS)

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Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Repórter do Espaço do Povo e Correspondente local do Grajaú (SP) na Agência Mural de Jornalismo das Periferias.

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