Inspiração e revolução por mais mulheres na ciência

 Inspiração e revolução por mais mulheres na ciência

Crédito: Acervo Pessoal

Mulheres cientistas contam que ainda buscam pela igualdade de gênero no ambiente acadêmico e profissional

O número atual de mulheres nas ciências revela um crescimento expressivo delas nas universidades e instituições de pesquisa. Apesar de existir equilíbrio na representatividade entre os gêneros, não há igualdade de oportunidades. As mulheres são minoria em cargos de liderança, e possuem maiores obstáculos ao longo da carreira profissional e acadêmica.

Conforme dados do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), as mulheres constituem 43,7% dos pesquisadores científicos no Brasil. Em nível mundial, esse número diminui para 30%, segundo dados da ONU. Porém, o CNPq mostra otimismo sobre os dados, já que o número de pesquisadoras é o maior em uma década.

Apesar de o número de pesquisadoras ter crescido, as mulheres ainda sofrem com barreiras em suas carreiras. A bióloga e professora universitária Letícia Sueiro, vê muitas dificuldades na carreira das mulheres devido aos estereótipos construídos pela sociedade:

“São muitos os obstáculos que a gente enfrenta, pelo fato da sociedade ter sido construída com base nesse preceito de que mulheres possuem perfil de cuidar, que somos sensíveis, como se os homens não pudessem ser delicados, essas características são apenas habilidades humanas”, afirma a bióloga.

A maternidade, por exemplo, é um dos maiores desafios, pois a pausa na carreira pode prejudicar o desempenho na vida acadêmica, em comparação a trajetória masculina. 

Letícia Sueiro diz que “a maternidade também é um fruto social, porque quem vai cuidar do filho é só a mãe? A única coisa que nós temos e os homens não têm, são as glândulas mamárias, mas o cuidado com a criança todo homem pode ter.”

De modo geral, os homens não precisam interromper suas carreiras  por conta do nascimento de um filho. Seguem trabalhando e estudando, continuam suas pesquisas científicas sem pausas. Este tipo de cultura machista aumenta a distância entre homens e mulheres na vida acadêmica, e devido essas barreiras, muitas mulheres abandonam os estudos e o trabalho. 

Carreira acadêmica e as inspirações

Atualmente no Brasil, conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 57% dos universitários são mulheres. O número de pesquisas realizadas por mulheres cresceu 11% nos últimos anos. No período entre 2011 e 2015, 49% dos estudos científicos foram conduzidos por mulheres.  

A possibilidade de criar um ambiente com mais mulheres nas universidades, ajuda na evolução da pesquisa brasileira e mundial, e motiva mais mulheres a permanecer nas universidades. Como relata Talita Dantas, que é moradora do Jardim Ângela, periferia da cidade de São Paulo, formada em Química pela Unifesp de Diadema.

”Foi uma experiência incrível, você se vê como um potencial. O fato de ter outras mulheres do lado, te ensinando muita coisa. Eu tive uma orientadora que também era mulher, então foi um espaço muito agradável de estar por ter mulheres me acompanhando nesta jornada”, lembra Talita.

Com todas as adversidades e os desafios enfrentados, muitas mulheres são inspiração para  garotas que desejam iniciar na área da ciência. Thabata Ganga, engenheira biomédica, mestranda em inovação tecnologia pela Unifesp, que nasceu no bairro dos Pimentas, na periferia de Guarulhos, São Paulo, fala como quer servir de inspiração para outras garotas periféricas.

“Eu gostaria que essas meninas fossem rebeldes, a inovação vem da rebeldia. Eu quero servir como um exemplo, para que cada vez mais tenhamos mulheres engenheiras, cientistas, e principalmente que venham da comunidade”, conclui Thabata.

Digiqole Ad
+ posts

Repórter do Espaço do Povo, é cria do Jardim Ângela, formado em jornalismo e tem vivência em redação e assessoria de imprensa.

Relacionados