Favela Cria: Jornalismo de Território

 Favela Cria: Jornalismo de Território

Crédito: Weslley Tadeu

No terceiro e último dia do evento Favela Cria 2023, o tema norteador foi: Jornalismo de Território e, além de muitos jornalistas e comunicadores, o evento teve a presença de estudantes de projetos de educomunicação do Capão Redondo e de Paraisópolis, além de integrantes do maior moto clube do Brasil, Insanos.

O primeiro painel teve como tema a “Desinformação na Era da Inteligência Artificial” e contou com a mediação de Joildo Santos, CEO do Grupo Cria, que conversou sobre o tema com os jornalistas especialistas em desinformação, Adriana Teixeira e Sérgio Ludtke, e também com o pesquisador Marcus Bonfim.

Ludtke falou que um grande fator que contribui para a disseminação de desinformação é que tendemos a confiar em amigos e familiares, portanto, o que eles mandam em nossas redes sociais certamente acreditamos: “a desinformação tem um caráter que faz com nos enganemos facilmente.”

Durante o bate-papo, a jornalista Adriana Teixeira destacou a pesquisa que realizou durante a pandemia de COVID-19 na favela de Paraisópolis, para entender como foi o processo de informação e desinformação na comunidade: “aqui em Paraisópolis todo mundo sabia o que estava acontecendo, todo mundo está cuidando de todo mundo.”

Já para o pesquisador Marcus, pontuou que é importante desmistificar a inteligência artificial e informação: “é preciso criar a percepção de que combater a desinformação não está só nas mídias, mas na maneira em como vivemos e na desestruturação social.”

A Influência do Jornalismo Periférico na Mídia Tradicional

Partindo para o segundo painel, o evento trouxe como tema “A Influência do Jornalismo Periférico na Mídia Tradicional” com mediação da Diretora Executiva do Grupo Cria, Fran Rodrigues e teve a participação dos jornalistas Eliane Trindade (Folha de S. Paulo), Leandro Machado (BBC Brasil), Jéssica Bernardo (Metrópoles) e Hamalli Alcântara (Revista Raça).

Os jornalistas puderam, a partir de seus olhares e experiências, refletir sobre sua contribuição na criação pontes entre o jornalismo independente e a mídia tradicional, principalmente, porque três deles também são de favelas e periferias.

“É fundamental ter jornalistas periféricos em todos os espaços, porque senão os assuntos tratados sempre serão os do centro da cidade Então, sem esses jornalistas nas redações não é possível saber os problemas e o que de fato acontece nas favelas e periferias”, explicou Jéssica Bernardo.

Jornalismo e Direitos Humanos

Após a pausa para o almoço, o evento continuou e dessa vez trouxe como tema o painel, “Jornalismo e Direitos Humanos”, com mediação de Fran Rodrigues e participação dos jornalistas Fábio Turci e Siyabulela Mandela (bisneto de Nelson Mandela).

Siyabulela falou da importância da imprensa como uma peça fundamental para a garantia dos direitos humanos: “sem a mídia livre e a liberdade de expressão a comunidade é facilmente oprimida.”

Já Fábio Turci, reformou que a liberdade de expressão e os direitos humanos não podem andar separadas: “sempre com a ressalva que a liberdade de expressão está sujeita aos limites da lei, ninguém pode defender que a livre expressão pregar a superioridade de um povo sobre outro povo.”

Educação Midiática na Formação de Uma Nova Sociedade

Já o painel “Educação Midiática na Formação de Uma Nova Sociedade”, que teve mediação da editora-chefe do Espaço do Povo e idealizadora do programa de educomunicação EduCapão, Gisele Alexandre, e a participação dos jornalistas Aline Rodrigues (Periferia em Movimento) e Luís Nascimento (Estadão) e da comunicadora Patrícia Blanco (Instituto Palavra Aberta), abordaram a importância e a urgência da educação midiática, cujo objetivo é construir um conjunto de habilidades para despertar o senso crítico do cidadão, ao receber uma informação distribuída em qualquer meio, online e offline. 

Papo sobre Hip hop e batalha de rima fecham o evento 

Em seguida, os participantes do evento puderam conferir uma palestra sobre a história do hip hop, com o rapper e educador social Marcello Gugu, que contou da construção do movimento e de todos os seus elementos. “O hip hop é responsável por transformar a vida das pessoas, tirá-las de um nada para alguma coisa”, explicou

Após apresentação de Gugu, aconteceu o último bate-papo do evento, com o tema “Batalha de Rima”, com mediação do repórter do Espaço do Povo, Leonardo Almeida, e participação Cristiano Tostes (Outlaws Produtora) e Wes (Batalha PSA).

O evento Favela Cria 2023 foi encerrado com uma batalha de rima entre os MCS da Batalha do PSA (Parque Santo Antônio) do Jardim São Luiz e o da BDMZ (Batalha do Moritz) do Taboão da Serra.

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Formada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Repórter do Espaço do Povo e Correspondente local do Grajaú (SP) na Agência Mural de Jornalismo das Periferias.

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