Paraisópolis promove luau com profusão de artistas e espetáculos

Evento terá oito edições neste ano e tem o propósito de oferecer arte e cultura para inclusão social dos moradores da comunidade

Música, teatro, dança, grafite, moda, audiovisual, entre outras atrações, é o que os participantes vão encontrar no Luau Paraisópolis, evento oferecido gratuitamente para moradores da segunda maior comunidade de São Paulo. Ao todo, serão realizados oito encontros durante o ano, e o primeiro acontecerá no dia 28 de abril, no Espaço PIPA. A agenda é divulgada pela página da Paraisópolis no Facebook.
O projeto retorna às atividades neste ano, em parceria com o escritório de arquitetura Raddar, que cederá o local onde está prevista a construção do PIPA (Projeto que Integra Paraisópolis), uma proposta inovadora que irá abrigar um centro comercial e sociocultural na comunidade. Há cinco meses parado por falta de apoio financeiro, o Luau foi um dos dez finalistas do concurso de projetos da Fundação Arymax, recebendo incentivo financeiro para o desenvolvimento cultural com o olhar de empreendedor.
Criado em 2011, o luau tornou-se referência de encontros artísticos de moradores da comunidade. Realizado toda última sexta-feira de cada mês, os encontros têm o propósito de oferecer arte e cultura como pilares para a inclusão social, sociocultural e educacional, além de promover a difusão dos artistas.
“Futuramente desejamos utilizar o projeto como uma escola de formação de produtores culturais”, afirma Jefferson Garibald, produtor cultural e idealizador da proposta. Destaque por ser referência de entretenimento noturno na comunidade, e percebido como um espaço para o encontro de artistas e amantes de arte em geral, nos últimos anos o luau já recebeu mais de 200 artistas que se apresentaram para mais de 5 mil moradores da comunidade.
Apresentações
MC Ed$ e Mano Ratão compõe letras com o intuito de passar a realidade vivida em Paraisópolis (Foto: Reprodução)

Nesta sexta-feira, 15 artistas independentes e convidados se apresentarão no palco do evento. Entre eles estão os rappers MC Ed$ & Mano Ratão, dupla formada em 1998 que compõe letras com o intuito de passar a realidade vivida em Paraisópolis por meio da música.

Ainda como atração musical, a banda Tribo Sonoro mistura diversos ritmos do movimento Fusion experimenal. Já o estilo “hard rock” com peso e melodia fica por conta do grupo Davi e Banda, formado por Davi Gomes, Jam G, Jason G, Diu G e Chico Vaz. Com canções que têm como tema o sentimento entre as pessoas, o dia a dia e relacionamento com Deus, o grupo sofre diversas influências do rock nacional, como Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Oficina G3 e Banda Resgate, dentre outras.
Ao estilo voz e violão, Felipe Baltz possui como principal característica sua voz grave rouca. Inspirado em Tim Maia, Elza Soares, dentre outros artistas da Black Music Brasileira, Felipe mescla em seu repertório samba, rock, jazz, funk, soul, melody e MPB romântica.
A Trupe Benkady irá apresentar um repertório de danças e ritmos dos balés tradicionais do oeste africano. Formado por quatro músicos e cinco dançarinos, o coletivo paulistano promove uma conversa entre os ritmos e movimentos tradicionais da cultura mandingue, com ênfase nas etnias Malinké, Baga e Sussu, da região da Guiné Conakry, reconhecida mundialmente por seus balés com dança e música tradicional.
O luau também terá a participação do escritor e poeta Jackson Pedro, cujos trabalhos são focados no dia a dia da favela e do favelado, trazendo reflexões para problemas sociais e políticos. Fortemente influenciado pelo rap nacional, Jackson lançou, no ano passado, o livro “Traficando Informação”.
Trupe Benkady (Foto: Reprodução/Facebook)

A reflexão sobre a favela será apresentada em uma proposta colaborativa de intervenção urbana em áreas degradadas pelo projeto Imagine Paraisópolis cujo objetivo principal é pensar, de forma conjunta, meios para melhorar a vida cotidiana dos habitantes da comunidade. A exposição é o resultado da Oficina que ocorreu, no mês de março, com adolescentes de Paraisópolis, arquitetos e estudantes de arquitetura, no Projeto  Einstein na Comunidade (PEC).

Pela primeira vez, o “Periferia Inventando Moda” irá participar do luau com a exibição do documentário sobre moda periferia e realizará uma roda de conversa com o estilista Alex Santos. O projeto utiliza a moda como instrumento para a inclusão social e promoção da autoestima. Por meio da realização de cursos, workshops, editoriais de moda e desfiles, capacita jovens da periferia para o mercado da moda e da beleza.
Marcelo Sousa fará a performance “Dramágico” (Foto: Sheila Signário)

Já a performance teatral fica por conta do ator e criador do grupo “Nós Mosaico” de teatro e poesia, Marcelo Sousa. “Dramágico, seu álter ego” é o personagem “estandarte da agonia” que dá ênfase às questões agridoces, adotando e usando como parte de seu discurso artístico textos de autores clássicos e contemporâneos que traduzem seus sentimentos pessoais e inquietações sobre o mundo em que vive.

Neste ano, a equipe organizadora do luau aposta nas redes sociais com o objetivo de levar o conteúdo para mais pessoas. “Iremos realizar uma transmissão ao vivo pelo Facebook para que mais pessoas possam conhecer o nosso trabalho”, finaliza Jefferson.
Primeiro Encontro Luau 2017
Data: 28 de Abril
Horário: 22hs
Local: Espaço Pipa Paraisópolis.
 Endereço: Rua Manoel Antônio Pinto 302 – Paraisópolis

 

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Jornalista, produtora cultural, diretora de comunicação da Cria Brasil, agência de comunicação de território de favela que surgiu com o compromisso de gerar impacto social positivo nas comunidades do país.

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