Dia da abolição da escravatura: será que temos o que comemorar?

 Dia da abolição da escravatura: será que temos o que comemorar?

A data marca a assinatura de Lei Áurea e libertação dos escravizados no Brasil 

No dia 13 de maio, é celebrada a abolição da escravatura, uma vitória do movimento abolicionista brasileiro de 1888. Mas será que passados 135 anos da abolição, realmente existem motivos para celebrar a data?

A abolição aconteceu quando a princesa Isabel assinou a lei áurea, declarando a escravidão extinta do Brasil. O ato libertou 700 mil escravizados que ainda existiam em 1888 e proibiu que pessoas fossem escravizadas futuramente. Porém, com o fim da escravidão, o Estado Brasileiro não disponibilizou políticas públicas para absorver os ex-escravizados na sociedade. Os negros não foram indenizados, não tiveram acesso a trabalho ou terra para continuar a vida com dignidade.

Durante o processo de abolição alguns personagens do movimento negro da época também foram muito importantes, como Luís Gama, André Rebouças, José do Patrocínio e Maria Firmina dos Reis. O cenário do Brasil era de grande instabilidade política. Em 1888, o império Português no Brasil estava a caminho do fim. 

Na época, os novos padrões civilizatórios, influenciados pela Europa, condenavam a escravidão. O Brasil, pressionado pela Inglaterra, se viu em uma posição vexatória internacionalmente, pois foi último país da América a acabar com a escravidão. Devido à força do movimento abolicionista no Brasil e pela pressão externa sofrida pela Europa, a princesa assinou a lei Áurea. A abolição da escravatura não foi um ato de bondade da Princesa Isabel, como aprendemos na escola. Mas conquistada com luta e resistência pelo movimento abolicionista. 

As consequências da falta de auxílio após a abolição podem ser vistas até hoje, 135 anos depois. Como nas questões ligadas ao acesso à moradia, educação, trabalho e racismo. Apesar da Lei Áurea ser uma cláusula pétrea e irrevogável da nossa Constituição. Esta lei não impede que em 2023 ainda existam denúncias sobre trabalho análogo a escravidão no Brasil.

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Repórter do Espaço do Povo, é cria do Jardim Ângela, formado em jornalismo e tem vivência em redação e assessoria de imprensa.

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