Fazer o bem sem olhar a quem

Após o incêndio, que ocorreu no dia 14 de maio, o Centro Educacional Unificado (CEU) Paraisópolis foi à única opção para aqueles que não tinham para onde ir. Numa triste caminhada do Antonico até o CEU, carregando o que conseguiram salvar do fogo e levando os filhos pelas mãos, os moradores buscavam se recuperar do trauma causado pela tragédia.

Poucas horas depois do incêndio, colchões e cobertores já chegavam ao espaço. Organizados pela União dos Moradores e outras entidades como o Crescer Sempre e a  Associação das Mulheres, dezenas de voluntários se apresentavam para apoiar da forma que podiam seja cozinhando, buscando doações, brincando com as crianças ou tentando de alguma forma socorrer aqueles que precisavam de consolo.

A primeira noite foi difícil, mas na manhã seguinte já começavam a chegar mais roupas e comidas. Cada vez mais, pessoas de diferentes locais da cidade  ofereciam a sua ajuda às famílias do Antonico. Graças a essas pessoas, foi possível oferecer café da manhã, almoço e janta a todos. Também foi montada uma espécie de creche improvisada para as crianças e garantir coisas essenciais como fraldas e roupas.

Muitas crianças e bebes passaram por dificuldades,  como  a caçula do Antonico de apenas um mês e 17 dias, a pequena Eloá. Logo no segundo dia, o leite de sua mãe começou a secar, pois fazia dois dias que não conseguia se alimentar. A situação provocou uma grande mobilização para resolver o problema.

Também gerou atenção o caso de uma mulher chamada Soraya, grávida de nove meses. Prestes a ter o filho e com complicações na gravidez, ela estava dormindo em um colchão no chão.

Foram muitas as pessoas, que embora não morem em Paraisópolis, demonstraram muito amor pela nossa comunidade. Julia Drezza  passou noites no CEU, trabalhou muito e tratou com imenso carinho as crianças do Antonico. Foi ela quem  montou o  pequeno espaço com brinquedos doados  e chamou  de brinquedoteca Antonico

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Voluntários uniram-se para levar um pouco de conforto às vítimas do incêndio em um ato de solidariedade (Fotos: reprodução facebook/paraisopolis)

Mônica Rydlewski chefiou a equipe da cozinha em vários dias, alimentando mais de 100 pessoas por vez. Sem falar nos muitos apoiadores que se organizaram  com suas famílias em  escolas e condomínios para dar a sua ajuda.

Todas essas pessoas, cada uma na sua possibilidade, ajudaram em muito essas famílias, com as suas crianças, grávidas e idosos, a passarem por esses dias difíceis após a tragédia. Se for verdade que o trauma ficará para sempre na lembrança, também é verdade que sentir a solidariedade de tantas pessoas ajuda a dar força para seguir em frente.

 

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