Dificuldade em atualizar Cadastro Único junto ao CRAS atrapalha acesso a benefícios

População busca atendimento junto ao CRAS, mas devido à falta de uma comunicação mais assertiva, muitos deixam de receber os benefícios 

Por Talytha Cardoso

 

 “Por favor, aguardar a sua vez, senhora. Devido às restrições do novo coronavírus, estamos atendendo uma pessoa por vez. Já fez seu agendamento?” É essa a frase que as pessoas ouvem ao chegarem ao Centro de Referência e Assistência Social — CRAS. 

 

“Chega a ser humilhante e embaraçoso pedir um auxílio que é garantido por lei”. É com esta resistência, que Ana Carolina da Silva Rodrigues, de 25 anos, moradora da segunda maior favela de São Paulo, Paraisópolis, foi buscar assistência social junto ao CRAS próximo à comunidade. Ela teve o benefício bloqueado devido à falta de atualização (que deve ser feita a cada dois anos), chegou a ir ao centro assistencial, mas não obteve resultado, e continua à espera para ser atendida. 

 

Segundo ela, nem entrar no centro para ser atendida consegue, e sempre ouve que não há vagas disponíveis para atualizar o cadastro. Mãe de três crianças e com o marido desempregado, vê no auxílio a tábua de salvação para pelo menos manter o arroz e o feijão no prato da família. O valor de R$ 375 reais da bolsa Auxílio Brasil ajuda muito pouco a segurar as contas que não param de chegar. Só de aluguel, paga mais de R$500. A ajuda da mãe tem sido seu amparo neste momento, assim como os poucos bicos que faz como manicure. 

 

E não é só Ana Carolina que enfrenta essa dificuldade, Karliene da Silva Menezes teve o benefício cortado antes do prazo de atualização do cadastro e já buscou auxílio sem sucesso junto ao CRAS, que informa que ela deve agendar por telefone. Mas, segundo ela, não é possível. 

 

E é assim que, quem precisa da ajuda assistencial, depois de um extenso questionário socioeconômico para confirmar a miserabilidade, não consegue ter acesso ao auxílio. A voz dessas mulheres entra como uma representação de muitos outros moradores que chegam diariamente para pedir a ajuda social, porém, na maioria das vezes, a frase é a mesma, de que para serem atendidos, é necessário agendar ou que não há espaço na agenda. 

 

Procuramos o CRAS Vila Andrade, sendo o Centro de Referência Social mais próximo da favela. Segundo a coordenadora substituta, Adriana Sabiá, o espaço está disponível para atender toda a população, mas que se faz necessário o agendamento prévio no telefone da Prefeitura 156, ou pelo aplicativo Descomplica. Insistiu em dizer que o centro é para todos e que está de portas abertas para atender aos munícipes, realidade diferente daquela denunciada pelos moradores, que questionam a falta de atendimento.  

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