A política que se distancia da democracia – O que é fascismo

Por Gideão Idelfonso

 

Um indivíduo carismático, bom de papo, que cultua as tradições e possui um partido forte, representante do povo, controla todos os órgãos institucionais, desde a mídia aos porões das assembleias, repreende e persegue aos que se opõe ao modelo imposto, esse líder é um fascista. 

O fascismo como partido político tem origem na Itália, tendo como representante  Benito Mussolini, considerado uma figura caricata na criação ideológica desse regime. Um caso curioso é que Mussolini, antes de virar um fascista, era do partido socialista, como esse caminho não o levou ao poder, acabou sendo expulso do partido por divergências políticas internas. Após esse fato passou a fazer críticas escritas ao regime, passando assim a defender que a “união é mais difícil de ser vencida”, reflexão base para suas ideologias autoritárias.
Estudando sobre o  fascismo penso que, como ideologia, pode aparecer em diversas correntes e regimes políticos e segmentos sociais.O escritor Umberto Eco em seu livro “O fascismo eterno” traz alguns princípios para entendermos esse regime como uma ideologia. O culto à tradição, por exemplo, é uma forma presente no fascismo, os tradicionais são os certos, os gurus têm sempre razão. A rejeição ao moderno como ataques à ciência, a arte e a recusa de mudança social e intelectual estão presentes. O culto a ação pela ação, o Estado pelo Estado, medos das diferenças raciais e críticas são abominadas e presentes. 

O nacionalismo que prega “somos uma nação única e forte” prevalece no fascismo, os inimigos são desprezíveis e menores, mesmo que se pareçam conosco e, por vezes, fortes. O militarismo é um instrumento importante para a harmonia social. No fascismo às mulheres são consideradas inferiores e sua existência para fins reprodutivos, o homossexualismo um valor subversivo e devasso, inapropriado, costumes que devem ser seguidos para a família tradicional e de bons valores se perpetuar e prevalecer.  
O nazismo praticado por Adolf Hitler, por exemplo, carregou alguns desses princípios fascistas, diferente evidentemente do extermínio praticado por Stalin na Rússia comunista. O Hitler  queria extermínio total da população judaica, negros, eslavos, doentes físicos e mentais. No comunismo, o extermínio tinha como ideal a violência como dominação e ampliação de suas fronteiras. Stalin e Hitler eram de fatos totalitários e sanguinários, mas por razões diferentes. São violências particulares, e suavizá-las como muitos cegos assim o fazem é um erro, devem ser repudiadas.
O fascismo assim como o comunismo, nazismo, compreende o ser humano com uma essência única e sagrada. O sentido das coisas e do universo parte do ser humano. Os humanos contam histórias, criam religiões, entidades ficcionais e regimes perversos, reformam a sociedade, e muito por conta que o poder tem gosto, sabor e cheiro. 

A dúvida ou questionamento, assim digo, um instrumento para fugir dessas amarras repugnantes, podemos, sim, pensar por conta própria, desde que juízos éticos sejam buscados pela nossa humildade, racionalidade e pela ciência.  

Gideão Idelfonso

Cria de Paraisópolis, bacharel em Lazer e Turismo pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Pesquisador com foco na periferia e sua dialética com o Lazer e Turismo. Teve contato com projetos de impacto social em Paraisópolis e em áreas da Zona Leste.

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