Com mobilidade reduzida, moradores reclamam da falta de acessibilidade em Paraisópolis

Os desafios para quem tem algum tipo de deficiência são muito comuns na cidade, porém para quem vive em uma favela eles podem se tornar maiores.
O caminho de casa ao trabalho, para a escola ou simplesmente até a padaria podem se tornar perigosos e tortuosos. As ruas estreitas, as calçadas irregulares ou a falta delas, o lixo, entre outros obstáculos, só atrapalham na hora de se locomover. O direito de ir e vir fica cada vez mais inviável e torna-se uma verdadeira maratona ter que andar pela comunidade.
Buracos em calçadas e carros estacionados irregularmente, atrapalhando o passeio público, estão entre os principais problemas enfrentados pela cadeirante Andréa Gatto Cardoso, 35. A manicure não esconde o medo de percorrer as ruas em sua cadeira de rodas e enfrenta os problemas todos os dias.
“Aqui não temos acesso às calçadas. O jeito é andar entre carros e motos. Até pra quem não tem deficiência é difícil, imagine pra gente que tem”, comenta.
Paraisópolis é uma comunidade com movimento intenso independente do horário, mas a situação fica ainda pior até para caminhar das 12h às 13 e das 17h às 18h, para quem depende da cadeira de rodas ou tem a mobilidade reduzida.
O medo de andar nas ruas de Paraisópolis fez com que Edineuza Santos Brito evite de sair de casa. Ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há 4 anos. E por causa da dificuldade de caminhar só sai quando precisa ir ao médico.
Só nas proximidades da casa da dona Edneuza mais seis pessoas enfrentam o mesmo problema de locomoção, como é o caso de Geraldo Salviano Pereira, 46. Ele também sofreu um AVC, em 2008. Porém, ao contrário de Edneuza, Geraldo costuma sair com freqüência de casa. Ele afirma que a situação ficou pior depois que a SPTrans mudou o itinerário dos microônibus que circulavam pelas ruas de Paraisópolis.
Cercado por ladeiras, ele lamenta a falta do transporte. “Toda vez que saio de casa vou pra Giovanni [Avenida Giovanni Gronchi] ou pra Hebe [Avenida Hebe Camargo], lamenta Geraldo, que afirma que sua pressão sobe toda vez que faz muito esforço para subir a Rua das Jangadas nos dois sentidos.
Além da falta de acessibilidade, Geraldo reclama da falta de sensibilidade das pessoas. O aposentado afirma que tem que andar no meio da rua e contar com a boa vontade de alguns motoristas que param o carro para deixá-lo passar. “Uma vez um motociclista quase me derrubou. Mas às vezes eu encontro uma boa alma que para o carro e deixa eu passar”, finaliza.
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Jornalista, produtora cultural, diretora de comunicação da Cria Brasil, agência de comunicação de território de favela que surgiu com o compromisso de gerar impacto social positivo nas comunidades do país.

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