Uma viagem à Colômbia: O que Medellín pode nos ensinar?

Por Francisca Rodrigues

Durante a minha visita a Medellín, encontrei uma cidade limpa e organizada. Tanto no centro quanto nas favelas, é perceptível a transformação por meio do urbanismo. Uma cidade humana e acolhedora, planejada de um modo em que as construções beneficiam a população, ao contrário do que encontramos em São Paulo e muitas outras cidades do Brasil. Em Morávia, por exemplo, há bancos de praça que abrigam moradores de rua e seus bichinhos de estimação. Há espaços culturais e educacionais, chamados Parques Bibliotecas, que funcionam nas favelas, integrando a comunidade com o equipamento público.

É um sentimento idealista pensar que o poder público não só pode, como também deve construir equipamentos de qualidade em bairros mais pobres com a mesma determinação em que constrói em bairros mais ricos. Nós, moradores de periferia, também não pagamos impostos? Nada mais justo que os tributos cobrados de todos também sejam distribuídos de forma igualitária na hora de investir.

Mas de nada vale o alto investimento se não houver uma boa gestão, alinhada a união do poder público e da sociedade civil. Medellín criou uma universidade pública, o que era um antigo presídio, para os mais pobres, também criou parques bibliotecas, com teatro, música e esporte. O transporte é integrado: ônibus, metrô e metrô cable, um teleférico que proporciona mobilidade para moradores de bairros mais pobres, que conseguem acessar os bairros mais ricos.

Com tudo isso, fiquei me perguntando: por que no Brasil não dá certo? Por que tudo parece ser tão distante para nós? Por que os trilhões de impostos arrecadados em nosso país não são investidos de forma correta, possibilitando a transformação aqui também. Já sabemos ser possível fazer, basta ter disciplina, organização e vontade. Tá! Pode ser que precise muito mais que essas coisas, e, com certeza não é uma solução a curto prazo, mas devemos começar logo. As discussões e as decisões precisam acontecer agora, para que, no futuro, possamos ter a cidade ou, quem sabe, o país que tanto sonhamos. O que Medellín me ensinou? Que é possível viver em uma cidade feita pelas pessoas e para as pessoas, uma cidade acolhedora e planejada para atender toda a população, sem excluir ninguém.

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Jornalista, produtora cultural, diretora de comunicação da Cria Brasil, agência de comunicação de território de favela que surgiu com o compromisso de gerar impacto social positivo nas comunidades do país.

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