Nove vidas perdidas e dois anos a espera de justiça
Por Igor Alexsander
Dois anos da morte dos nove jovens em Paraisópolis se passaram e ainda esperamos por justiça. A vida na favela nunca foi fácil, todos os dias matamos um leão por dia. O natal se aproxima e com ele, a esperança de dias melhores.
Mas este, ano, assim como em 2020, nove famílias vão passar mais um Natal e Ano Novo sem seus familiares, que infelizmente foram mortos de forma repentina. Após acompanhar todo o sofrimento desses pais, mães, tios e amigos, que perderam seus entes queridos de forma tão violenta, escrevi um texto que quero compartilhar com vocês.
Deixo meus sinceros sentimentos aos familiares e prometo que onde eu estiver, ditarei esse texto a seguir:
“ Em meio às vielas, dentro da favela, os gritos ecoam, tem corpos no chão.
O medo assusta, os barulhos de bomba.
A fumaça tapou minha respiração.
Em questão de segundos o dia amanhece, a favela estremece em meio a confusão.
Escuto o barulho do águia passando, a tensão só aumenta e a tribulação.
Nos canais de TV a notícia se espalha: Nove favelados morrem dentro de uma quebrada!
Em uma perseguição, a polícia relata que entrou na favela depois de levar bala.
Puxaram a ficha de todas as vítimas para tentarem falar quem não foi uma chacina.
Por obra do acaso e azar dos PMs, todos estavam limpos e sem antecedentes,
A favela chorou…
Conhecido como Pastor do Funk, é líder comunitário e coordenador do G10 Favelas. Além de desenvolver trabalho comunitário em Paraisópolis, atua também na área de Marketing Digital na Agência Cria Brasil Comunicação.