Mulheres pedem direitos iguais e mais benefícios em caminhada realizada em Paraisópolis

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Foto: Francisca Rodrigues

No último domingo (13), cerca de 200 mulheres participaram da 8ª edição da “Caminhada da Mulher”, organizada pela Associação das Mulheres de Paraisópolis (AMP). O evento contou com a presença de mulheres que participam de projetos realizados na comunidade, lideranças comunitárias e representantes da sociedade civil. Entre os participantes estava a presidente da Federação das Mulheres Paulistas, Eliane Souza.

Rejane Santos, presidente da AMP, discursou sobre a importância da luta das mulheres em benefício  da comunidade. “Nós estamos passando por vários problemas em Paraisópolis, e ainda tem muita gente morando em situação de risco. Atualmente, nós temos centenas de famílias sendo removidas sem direito a nada. Hoje, nós estamos aqui em apoio a essas famílias.”

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Foto: Francisca Rodrigues

Rejane também ressaltou o problema da falta de vagas em creches e escolas. “Nós temos mais de trezentas crianças que saíram da creche e ainda faltam escolas para a primeira série. As aulas já começaram já faz mais de um mês e as crianças estão sem estudar”. De acordo com líder comunitária,  algumas crianças foram encaminhadas para estudar fora de Paraisópolis, só que o valor do transporte escolar custa em torno de R$ 150  por criança. “Muitas mães não estão levando as crianças para a escola porque não têm condições. Nós temos que estar unidas e cobrar do poder público para que sejam construídas mais  creches e escolas na nossa comunidade  e também não podemos esquecer  das famílias que  serão removidas do parque sanfona”.

O presidente da União dos Moradores, Gilson Rodrigues, também esteve presente  na caminhada. Entusiasmado com a celebração do mês da mulher, o líder comunitário falou da importância do evento. “Março é um mês de luta e também é um mês de denuncia. É  o mês das mulheres  soltarem a voz de maneira especial com a sociedade inteira observando e preparada para ouvir as reivindicações das mulheres. A gente está vivendo uma situação no país de bastante revolta da população e também que a gente tem visto grupos políticos explorando o Brasil, causando desemprego e uma série de problemas” .

Gilson  falou, também,  da  participação da mulher na política. “É fundamental a organização das mulheres para que a nossa comunidade possa crescer e se organizar para mudar o país. Se a mulherada não for pra rua, e se a mulherada não se mobilizar, vai ficar mais difícil a gente garantir as conquistas que a gente precisa aqui na comunidade. Todo mundo quer ter direito a creche e direito a saúde. Todo mundo quer direito à educação , mas poucas pessoas estão indo às ruas para lutar, para se mobilizar, para fazer alguma coisa . Então, vamos sair da frente da televisão, vamos sair da frente do fogão e vamos chamar o pessoal pra rua para poder lutar “.

O presidente da União destacou, ainda, os casos de agressões contra mulheres, uma das principais causas de luta da AMP desde o início da sua fundação. “Uma  das lutas da associação das mulheres é contra a violência doméstica. Esta é uma luta permanente contra casos que acontecem muito em nossa comunidade, e que as mulheres têm que denunciar. Quem passa por isso não pode ter medo. Se você está sofrendo agressão e se conhece alguém que está passando por esta situação  procure ajuda, pois não podemos deixar que isso aconteça mais”, alertou.

Com palavras de ordem, os participantes seguiram da sede da União dos Moradores e do Comércio de Paraisópolis (UMCP) até a AMP, onde o evento foi encerrado.

 

 

 

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Jornalista, produtora cultural, diretora de comunicação da Cria Brasil, agência de comunicação de território de favela que surgiu com o compromisso de gerar impacto social positivo nas comunidades do país.

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